Site Oficial do Butoku Dojo Brasil

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Convivendo com os mestres.

Por Davi Freitas

É certo e notório que ao longo de nossa caminhada como aprendizes, não é o professor que ensina, e sim nós alunos que aprendemos. Porém, é de suma importância termos um norteador, alguém que traga em sua bagagem a real experiência.
Encontrei grandes mestres no decorrer de minha trajetória, mas, não diferentes dos outros homens que permeiam este gigante mundo em que vivemos. Talvez, a maneira como aqueles lidavam com suas questões é que os faziam especiais. Um aluno me perguntou certa vez o que eu admirava mais em um homem. Respondi... [...]A maneira como se conduz sua sabedoria, continuei... Como disse-me um de meus mestres,[...] ser um guerreiro é fácil, difícil, é ser um bom ser humano.
Posso dizer também que encontrei muitos mestres que possuíam um caráter impulsivo, que viviam voltados apenas para o ego que os conduziam. Esses, pois são os falsos mestres... Aqueles que cultivam e se tornam escravos de suas próprias lendas.
É interessante analisarmos sob o aspecto da filosofia japonesa Zen, em que o verdadeiro mestre é aquele lhe provoca mortes, ou seja, mudanças.
Tenho um importante amigo que é mais do que um mestre. Ele me ensinou como dar os primeiros passos nesse incessante caminho do guerreiro. Ensinou-me, que vivemos em um mundo extremamente egoísta, e que estamos muito aquém de nossas capacidades.
Não devemos de maneira alguma nos entregar para qualquer sentimento que não seja o da vitória, mesmo que para isso nos importe algumas derrotas, dos confrontos internos... Pois dentro de nós habita sentimentos diversos, estes que poderão nos ascender, como poderão nos levar ao declínio. Não Como explicar esta ‘aparente’ contradição? Eu acredito que para vencer- mos, faz se necessário transcendermos as formas, ou tudo que se ponha como obstáculo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Mandinga

O que é mandinga? Neste trecho do documentário "Mandinga em Manhattan" alguns mestres dizem o que pensam a respeito.

Um arte que surgiu no Brasil e que, de certa forma, foi uma resposta à uma realidade social nossa. Este arte de guerra é subestimada por muitos (inclusive entre nós da Bujinkan), mas estes por vezes se esquecem que nenhuma arte marcial existe pura e simplesmente, é sempre fruto de necessidades históricas de um ou mais sujeitos, e que tomam forma segundo a realidade que estes vivem.

Voltando à mandinga, essas explicações me lembraram muito alguns ensinamentos/preceitos do Ninpo - "o conhecimento do invisível", "negaça", "mentira permanente", "intangibilidade". Pretendo me informar mais sobre o assunto e futuramente, quem sabe, escrever mais o assunto.

Bufu Ikkan,
Daniel Pires


http://www.youtube.com/watch?v=lXs_MKJAbu4

sábado, 1 de novembro de 2008

Da Crueldade e da Piedade

Segue abaixo alguns trechos selecionados por mim do livro "O Príncipe", de Niccolò Machiavelli (Nicolau Maquiavel, no Brasil). Estamos sempre utilizando autores orientais para pensar artes marciais, como Myamoto Musashi e Sun Tzu, mas esquecemos que a guerra é, até onde me consta, comum à todos os povos, e talvez outros pensadores do lado de cá de Greenwich também tenham algo a nos ensinar.

Esta obra foi escrita pelo filósofo político Niccolò Machiavelli no século XVI, quando a península itálica vivia um período de intensa disputa política entre cinco potências locais: Ducado de Milão, a República de Veneza, a República de Florença, o Reino de Nápoles e os Estados Pontifícios; que incapazes de manter alianças políticas por muito tempo, deixavam o território a mercê de invasores estrangeiros, como era o caso dos franceses. Somado à estas efervescências políticas ainda temos o que foi chamado de Renascimento, quando valores e práticas pagãs voltam à cena, e o conflito com o cristianismo era inevitável.

Em meio à esta confusão Machiavelli escreve o que alguns chamariam de "Manual para Unificação da Itália", mas que ele preferiu intitular apenas como "Il Principe", onde avalia e comenta as ações de líderes políticos e generais, fazendos considerações sobre o que é positivo ou não em determinadas situações. É atribuída à esta obra a frase(ou a sugestão da mesma) "Os fins justificam os meios", mas isso é no mínimo controverso, dado que uma ética (cristã) permeia muitas das falas do autor. Mas vamos ao que interessa:

"Continuando com as demais qualidades antes mencionadas, digo que todo príncipe deve desejar ser considerado piedoso e não cruel; entretanto, deve cuidar-se para não usar mal esta piedade.(...) Um príncipe deverá, portanto, não se preocupar com a fama de cruel se desejar manter seus súditos unidos e obedientes. Dando pouquíssimos exemplos necessários, será mais piedoso do que aqueles que, por excessiva piedade, deixam evoluir as desordens, das quais resultam assassínios e rapinas(...)

Contudo, o príncipe deve ser ponderado em seu pensamento e ação, não ter medo de sí mesmo e proceder de forma equilibrada, com prudência e humanidade, para que a excessiva confiança não o torne incauto, nem a exagerada desconfiança o faça intolerável.

Surge daí uma questão: é melhor ser amado que temido ou o inverso? A resposta é que seria de desejar ser ambas as coisas, mas, como é difícil combiná-las, é muito mais seguro ser temido do que amado, quando se tem de desistir de uma das duas. Isto porque geralmente se pode afirmar o seguinte acerca dos homens: que são ingratos, volúveis, simulados e dissimulados, fogem dos perigos, são ávidos de ganhar e, enquanto lhes fizerem bem, pertencem inteiramente a ti, te oferecem o sangue, o patrimônio, a vida e os filhos, como disse acima, desde que o perigo esteja distante; mas, quando precisas deles, revoltam-se. O príncipe que se apóia inteiramente em suas palavras, descuidando-se de outras precauções, se arruína, porque as amizades que se obtêm mediante pagamento, e não com a grandeza e nobreza de ânimo, se compram, mas não se possuem, e, no devido tempo, não podem ser usadas. Os homens têm menos receio de ofender a que se faz amar do que a outro que se faça temer; pois o amor é mantido por vínculo de reconhecimento, o qual, sendo os homens perversos, é rompido sempre que lhes interessa, enquanto o temor é mantido pelo medo ao castigo, que nunca te abandona.

Deve contudo o príncipe fazer-se temer de modo que, se não conquistar o amor, pelo menos evitará o ódio, pois é perfeitamente possível ser temido e não ser odiado ao mesmo tempo(...)

Quando, porém, o príncipe está em campanha, no comando de uma infinidade de soldados, nã precisa absolutamente se preocupar com a fama de cruel, porque, sem esta fama, jamais se mantém um exército unido e disposto à ação.(..)

Assim, voltando à questão sobre ser temido e amado, concluo que, como os homens amam segundo sua vontade e temem segundo a vontade do príncipe, deve este contar com o que é seu e não com o que é de outros, empenhando-se apenas em evitar o ódio, como dissemos."

Referência Bibliográfica:

MAQUIAVEL, Nicolau; O Príncipe; Ed. Martins Fontes; Terceira Edição; São Paulo-SP; 2004; pp79-82

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Ninjutsu Hiketsu Bun

(Essência do Ninjutsu)
A essência de todas as artes marciais e estratégias militares são a autodefesa e a prevenção do perigo. O Ninjutsu resume o mais completo conceito de autodefesa, não apenas do corpo físico, mas também da mente e do espírito. O caminho do Ninja é o caminho da resistência, da sobrevivência e da prevalescência sobre tudo o que pode destruí-lo. Mais do que meramente uma distribuição golpes e cortes, e mais profundamente no significado do que simplesmente se livrar de um inimigo, o Ninjutsu é o caminho para alcançar aquilo que nós precisamos para fazer um mundo melhor. A técnica do Ninja é a arte de vencer.
No início do estudo de qualquer arte marcial combativa, auto-motivação é crucial. Sem estrutura da própria mente, a contínua exposição às técnicas de luta pode levar à ruína ao invés do auto-desenvolvimento. Mas este fato não é diferente de qualquer outra prática benéfica na vida levada ao extremo. A ciência médica é dedicada a melhorar a saúde e aliviar o sofrimento, e ainda o mal uso de drogas e as exultações das habilidades físicas podem levar as pessoas, a um estado onde a saúde de um indivíduo não esteja mais sob seu controle. Uma dieta nutritiva bem balanceada funciona para manter uma pessoa viva, ativa e saudável, mas comer e beber exageradamente ou tomar muita química, é o caminho certo para envenenar o corpo. Os governos têm estabelecido a harmonia de trabalho entre todas as partes da sociedade, mas quando os governantes tornam-se ambiciosos, famintos por poder, ou carentes de sabedoria, o país é sujeito às guerras desnecessárias, desordem ou caos civil e econômico. Uma religião, quando baseada na fé desenvolvida através da experiência, exterior e interior, e na busca incessante do entendimento universal, é inspiração e conforto para as pessoas. Uma vez que uma religião perde seu foco original, entretanto, ela se torna uma coisa mortal com capacidade para enganar, controlar e cobrar as pessoas através da manipulação de suas crenças e medos. É o mesmo com as artes marciais. As habilidades de autodefesa que deveriam prover paz interior e segurança para o artista marcial, então frequentemente desenvolvem-se sem um balanço na personalidade e levam o menor artista marcial para domínios distorcidos de conflito incessante e competição, que eventualmente acabam por consumi-lo.
Se um praticante de artes combativas persegue sinceramente a essência do Ninjutsu, destituído das influências dos desejos do ego, esse estudante progressivamente virá a alcançar o último segredo para se tornar invencível - a obtenção "da mente e olhos do divino". O combatente que venceria deve estar em harmonia com o plano da totalidade, e deve ser guiado por um conhecimento intuitivo de lidar com o destino. Em sintonia com a providência do paraíso e a justiça imparcial da natureza, e seguindo um coração limpo e puro, cheio de crença no inevitável, o Ninja captura a visão que o guiará vitoriosamente na batalha quando ele deve conquistar e o ocultará protetoramente da hostilidade quando ele deve consentir. O vasto universo, belo na sua fria e total impessoalidade, contém tudo o que nós chamamos de bom e ruim, todas as respostas para todos os paradoxos que nós vemos ao nosso redor. Abrindo seus olhos e sua mente, o Ninja pode seguir responsavelmente as astutas estações e razões do paraíso, mudando apenas o que for necessário, adaptando sempre, assim sendo que no fim não há tal coisa como uma surpresa para o Ninja.



Toshitsugu Takamatsu

Dicionário do Pequeno Gafanhoto

Aqui tem algumas palavrinhas em japonês que ajudam a guardar o que é o que na nossa arte. Como o tempo guarda-se elas naturalmente, mas aconselho que está começando a dar uma estudada nelas. Quem quiser contribuir com mais coisas é só me mandar que eu atualizo aqui.

Migi: Direita.
Hidari: Esquerda.
Mae ou Zempo: frente ou para à frente.
Koho ou Ushiro: trás ou para à trás.
Yoko: lado, lateral.Ukemi: formas de cair.
Tobi: pular.
Omote: externo, parte de fora.
Ura: interno, parte de dentro, oculto, verso. Opôe-se à Omote.
Gyaku: inversão ou torção.
Kudaki: destruir, quebrar.
Keri ou Geri: Chute.
Ken: punho, ataque, espada, golpe. Depende muito do contexto.
Chi: terra, para baixo.
Sui: Agua.
Ka: Fogo.
Fu: Vento.
Ku: muitas vezes é traduzido como "Vazio", mas "Espaço" é um termo mais adequado, no sentido de "espaço que pode ser ocupado".
Bu: Guerra.
Do: Caminho.
Tai: Corpo.
Bufu Ikkan: é uma Expressão usada comumente entre praticantes de artes marciais e significa algo próximo de "Que os ventos da guerra soprem a favor dos corações puros".
Jutsu: arte, técnica.
Dori: pegada, agarrão.
Mune: lapela ( do Dogi).
Kaiten: rolamento pequeno, em que o corpo se encolhe como uma bolinha.
Nagare: rolamento grande, "caindo". Também é usado no sentido de "fluente" ou "fluir".
Nage: arremesso, projeção.
Otoshi: para o chão, vertical para baixo.
Daikentaijutsu: artes de impacto, com pancadas, como técnicas co socos, chutes, tapas, cotoveladas, joelhadas, etc.
Sabaki: movimento e movimentação.
Ashi: pernas.
Ten: céu, paraíso, para cima.
Naname: diagonal.
Kata ou Gata: forma.
Waza: técnica.
Henka: variação.
Shime ou Jime:
estrangulamento.
Obi: faixa.
Do Gi: roupa de treinamento.
Kimono: vestimenta tradicional japonesa.
Tabi: bota
Arigato: obrigado
Domo Arigato: muito obrigado
Arigato Gossai Massü: muito obrigado (formal)
Mate: chega, parar tudo.
Reishiki: etiqueta em Dojo.
Dojo: local de treinamento.
Tsuki: espetar, estocar, perfurar.
Uke: quem recebe a técnica, emprestando seu corpo para o Tori.
Tori: quem aplica a técnica, e quem deve cuidar do corpo do Uke
Shaku: medida japonesa que equivale à aproximadamente 30cm.
Bo
ou Rokushaku Bo: bastão de 180cm.
Jo ou Yonshaku Bo ou Shishaku Bo: bastão de 120cm.
Hanbo ou Sanshaku Bo: bastão de 90cm.
Tessen: Leque, que era muitas vezes um porrete de metal disfarçado.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Taihen Jutsu Ukemi Gata

Prezados amigos,
Esse ano temos como tema de estudo Togakure Ryu Ninpo... para tanto é de crucial importância darmos enfase também na prática de Taihen Jutsu. Me permito postar essa pekena passagem sobre o assunto comentada pelo Hatsumi Soke.
(Formas de Movimentar e receber com o corpo)


Taihenjutsu (Técnica de Movimentar o Corpo) inclui ações ofensivas e defensivas. A idéia mais importante em relação à execução destas técnicas é que cada parte do movimento deve ser executada suavemente, e cada movemento se conecta um ao outro: Toda técnica nunca deve ser interronpida em seu movimento.
Alguns desses movimentos são o ponto inicial para algumas técnicas em especial como Sabaki Gata (Evasão rápidas) e Moguri Kata (Formas de Submergir). O Ninpo Taijutsu inclui movimentos e técnicas que o farão 'desaparecer', evitar ataques, ou escapar de seu inimigo. Algumas pessoas acreditam que isso possa ser uma atitude covarde. Mas deve ser ter em mente que estas técnicas evasivas são técnicas importantes e necessárias para todos os artistas marciais. Mestre Takamatsu contou uma inteligente estória. Que dizia o seguinte; 'Um Javali selvagem estava perseguindo um Macaco. O Macaco rolava e saltava partindo do chão, de repente, o Javali ficou chateado porque não poderia ver o que ocorria em sua frente embora continuasse correndo... "Logo o Macaco se pôs a sentar debaixo de uma árvore sombreada", escarnecendo o Javali. O que estava à frente era um vale profundo, o Macaco do nada Desaparece e o Javali foi tomado pelo vale!? Como você interpreta esta analogia?

Nós podemos dizer que o Macaco teve uma estratégia? Esta estratégia é chamada inteligência!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Essencia do Ninjutsu


Eu acredito que o ninpo, a mais alta ordem do Ninjutsu, pode ser oferecido para o mundo, como uma influência guiadora para todo artista marcial. Os métodos de sobrevivência, tanto físicos quanto espirituais imortalizados pelos guerreiros Ninjas japoneses, foram de fato uma das fontes das artes marciais japonesas. Sem treino completo e total em todos os aspectos das artes combativas, o artista marcial de hoje não pode esperar progredir mais do que mera proficiência em um limitado grupo de habilidades musculares que formam seu sistema de treinamento. A iluminação pessoal só pode vir com total imersão do pensamento, transcendência do medo, da injúria e da morte, e um trabalho de conhecimento dos poderes e limitações pessoais, o praticante de Ninjutsu pode ganhar a força e invencibilidade que permite a felicidade das flores se moverem ao vento, á apreciação do amor dos outros, e contentamento com a presença de paz na sociedade.
O alcanço dessa iluminação é caracterizado pelo desenvolvimento do Jihi No Kokoro[1], ou “coração benevolente”. Nascido do entendimento alcançado pela repetitiva exposição a toda beirada entre a vida e a morte, o coração benevolente do Ninpo é a chave para achar a harmonia e entendimento nos reinos dos mundos materiais espirituais e materiais naturais. Após muitas gerações de obscuridade nos sombrios recessos da história, a filosofia de vida do ninja mais uma vez está emergindo, porque mais uma vez é a hora que o Ninpo é necessário no destino da humanidade. Talvez a paz prevaleça e então a humanidade poderá continuar a crescer e evoluir dentro do próximo grande panteão.

Masaaki Hatsumi



[1] Coração Benevolente: Mais forte que o amor em si, o coração benevolente é capaz de compassar tudo o que constitui a justiça universal, e tudo o que acha expressão no desabrochar do esquema de totalidade universal, gerado pelo grande imperador do cosmos.
daviffb

domingo, 6 de julho de 2008

Ensaio sobre o Bûdô

Mais do que em qualquer outra época, as pessoas tem procurado por praticantes de Budo Taijutsu, inclusive praticantes de outras artes que outrora não se interessavam muito pelo lado tradicional. Acredito que tudo isto é muito natural dentro do aspecto de que, tal como o mundo atual, está em uma constante transição onde a busca e a auto-realização através dessa via é o personagem principal. Curiosamente me recordo de que, até o final da década de oitenta, muitos ainda achavam que o Ninjutsu era uma mistura de Karate com Kung Fu. Pude escutar isto de renomados mestres de outras áreas. Era uma era realmente do não conhecimento e ignorância sob o aspecto clássico japonês. Quando a verdade veio à tona, muitos se justificavam como conhecedores. Para mim, toda arte é maravilhosa e toda pessoa tem algo de bom a acrescentar. Embora existam opiniões e formas de expressão variadas, é do livre arbítrio de cada uma posição diante dos caminhos, de forma que não estabeleço nenhum dos lados como correto. No Japão foi proibido o cultivo de toda e qualquer arte que tivesse como sufixo a palavra "Jutsu". Com a necessidade de uma reformulação e nova adaptação nos conceitos tradicionais o "DO" se fez presente.De uma forma ou de outra, em meio a uma série de contradições históricas, o "DO" já existia mesmo antes da intervenção de MacArthur, como podemos ver o exemplo do "JUDO".
Desta forma, muitos outros estilos de "KORYU" também sofreram com a chegada de uma nova era moderna substituindo o sufixo jutsu - arte - pelo sufixo do - caminho. Como exemplo: Aikijujutsu - Aikido, Kyujutsu - Kyudo, Kenjutsu - Kendo, Chanoyu - Chado e uma série de outras. Porém, o Zen ainda permaneceu no pensamento Japonês. Traços de todas essas tendências ainda são encontradas no Japão de hoje, mas as formas inspiradas pela ioga, a disciplina e as artes marciais do Zen e do budismo tendem a trair mais o interesse geral do que o acadêmico tradicional ou ocidentalizado.

abraçosss
daviffb

Ensaios

Prezados leitores,

Como um leitor contumaz desse Blog deixarei a partir de hoje alguns ensaios sobre o Budo
estendendo o convite a todos os leitores.

Abraçosss,

Daviffb

sexta-feira, 28 de março de 2008

A Honra no Fio da Espada

Este é um trabalho que eu fiz para a faculdade, e fala sobre o surgimento da honra samurai. Eu aindo o considero incompleto, mas enquanto me falta tempo, disposição e cérebro para continuá-lo, o postarei do jeito que está. Se alguém quiser me enviar sugestões de leituras, comentários, críticas e o que mais achar relevante eu agradeço!

http://www.4shared.com/account/file/42310924/c3515bac/A_Honra_no_Fio_da_Espada.html

Para baixarem o arquivo copiem o link acima (mesmo que pareça estar pela metade, por conta da formatação do blog ser ruim) e colem como se fosse um endereço. Para ler é necessário o Word.

Bufu Ikkan,
Daniel Pires

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Aforismos

Uma espada deve ser empunhada com a mente e o coração. A mente diz à ela que direção tomar, o coração dá a força para cortar. Uma espada sem mente é cega, assim como uma lâmina sem coração.

Hagakure

Shida Kichinosuke disse:

"A princípio é terrível correr até perder o fôlego. Mas a sensação de ficar em pé depois de uma corrida é extraordinária. Ainda melhor que isso é sentar. Ainda melhor que isso é se deitar. E ainda melhor que isso é colocar um travesseiro e dormir profundamente. A vida de um homem deveria ser assim: esforçar-se ao máximo quando ainda for jovem e então dormir quando já estiver velho ou à beira da morte. Mas dormir primeiro e trabalhar depois... E só então se esforçar ao máximo, e chegar ao fim da vida ainda trabalhando é lástimável. Shimomura Rokurouemon contou essa história."

Existe um ditado de Kichinosuke que lembra isso:

"A vida de um homem deveria ser o mais fatigante possível."

TSUNETOMO, Yamamoto; Hagakure, p144; Ed. Conrad; 4° Edição; São Paulo-SP; 2006

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Hagakure

Matsudaira Izu no kami disse ao mestre Mizuno Kenmotsu:

- Você é uma pessoa tão útil, é uma pena que seja tão pequeno.

- Isso é verdade - respondeu Kenmotsu - Às vezes as coisas não são como gostaríamos que fossem. Agora, se eu cortasse sua cabeça e a colocasse embaixo dos meus pés, eu seria mais alto. Mas isso é algo que não deve ser feito.

TSUNETOMO, Yamamoto; Hagakure, p214; Ed. Conrad; 4° Edição; São Paulo-SP; 2006

Pronto para Matar seus Alunos

Pronto para Matar seus Alunos
por Hans Greimel

Noda 26 de Abril

Os ensinamentos do Grão Mestre Masaaki Hatsumi ecoam em minha cabeça, enquanto ele me incumbe de atacar um discípulo faixa preta com uma espada de treino. – Esteja sempre pronto para matar seus alunos – diz ele.
Essas palavras, que me deram calafrios, vem de um homem de 76 anos, considerado por muitos “o último ninja vivo”, que guarda em seu Dojo armas como semban shuriken e nunchaku. Uma lição especialmente chocante quando ouvida por um novato, cujo contato mais íntimo com artes marciais foi assistir ao Bruce Lee nas matinês, quando criança.
Eu erguia cuidadosamente a katana, enquanto meu parceiro de treino discretamente apontava para Hatsumi. Desvio meus olhos por um instante e a próxima coisa que sei é que estou jogado ao chão, observando as traves de sustentação do telhado.
Manter o foco é apenas uma das lições marteladas nos tatames do Dojo da Bujinkan, uma escola apertada, nos arredores Toquio, que é ponto de peregrinação para mais de cem mil praticantes ao redor do mundo. Eles reverenciam Hatsumi como o último mestre vivo de Ninjutsu – a misteriosa arte da guerra japonesa, praticada por assassinos mascarados de outrora.
- Ele é ilimitado em corpo, mente e espírito. - disse Richard VanDonk, praticante que abandonou a Califórnia, sua terra natal, para vir praticar nage e outras técnicas marcais num dojo sob o brilho morno das cortinas de papel arroz e à luz de chamas tremulantes provenientes de velas. - Ele é um mestre da mudança.
Hatsumi é o único aluno ainda vivo do chamado “último nínja em atividade”, Toshitsugu Takamatsu, o 33° Grão Mestre da Togakure Ryu. Takamatsu foi guarda-costas de oficiais japoneses durante a ocupação da Machuria, antes da Segunda Guerra Mundial. Entre muitas histórias, conta-se que ele esteve em doze combates até morte, e venceu todos. Durante uma destas batalhas ele arrancou, com as mãos, o globo ocular de rufião chinês.
Hoje Hatsumi tem inimigos de outra ordem. Aqueles que trazem falsos esteriótipos e que buscam na antiga arte apenas fazer graça são seus maiores problemas, mas ele pretende confiar a tarefa de lidar com estes tipos a um sucessor digno. Enquanto isso especulações surgem em torno da sua aposentadoria... O Soke têm sido, de muitas maneiras, vítima do próprio sucesso: ele ajudou a tornar o ninja um termo popular internacionalmente, treinando seguidores do Chile à África do Sul, mas também assistiu seu legado ser distorcido por caricaturas apatetadas como “As Tartarugas Ninjas” e paródias hollywoodianas baratas como "Um Ninja da Pesada" - Eu acho patético. - é seu parecer sobre a imagem moderna do ninja.
Uma rápida olhada pelo dojo sugere que grande parte dos japoneses concorda, visto que a grande maioria dos estudantes é estrangeira, não raro têm passado militar, e de alguma forma ouviram falar de Hatsumi nos além-mares. Isso por que, no Japão, o Ninjutsu encontra-se mergulhando numa apatia que também aflige outras artes, como o Sumo e o Judo.
A maioria dos japoneses tem contato com artes marciais ainda na escola. Mas o número de praticantes de artes marciais tem caído desde a década de oitenta, por conseqüência de cada vez mais pessoas se voltam para esportes vindos do Ocidente, como o golf e o tênis. A Associação Japonesa de Sumo viu-se forçada a importar estrelas, devido aos tempos difíceis.
- As crianças mais novas estão mais interessadas em outros esportes mais chamativos e que estejam na moda. - comenta Makinori Matsuo, um professor associado de artes marciais da Universidade Internacional de Budo de Toquio. - Eles tendem a ser repelidos pela imagem das artes marciais em que você deve suar muito enquanto mantém contato com outrem – justifica o profissional.
A palavra Ninja é uma composição dos kanji relativos à “Furtividade” (ou “Persistência”, dependendo da interpretação) e “Pessoa”, fazendo referência às tradicionais atuações dos shinobi (outra desiguinação para Ninja) como espiões, mercenários ou assassinos, trabalhando para os damyo. O arsenal tradicional, como espadas e shuriken se destacam dentre os ensinamentos de Hatsumi, assim como shuko, zarabatanas e pó de pimenta arremessado nos olhos do oponente. Mas o verdadeiro Ninjutsu, diz Hatsumi, é autodisciplina e equilíbrio, tanto na sala de reuniões quanto no campo de batalha. É dominar suas fraquezas, incluindo preguiça e medo, e explorar as necessidades de seu rival, como sexo e orgulho.
Enquanto desliza suavemente pelo tatame, Hatsumi nos cobre com seus provérbios enigmáticos, que parecem vindos de pergaminhos confucianos, como “Qualquer coisa pode ser utilizada como arma” ou “O Ninjutsu é a soma de todas as coisas no universo”.
- O sincronismo é o mais difícil de se compreender e é essencial – acrescenta ele enquanto deflete casualmente o golpe de espada de um de seus alunos veteranos, que vem reluzindo rumo ao seu pescoço. Após desviar a lâmina atacante, Hatsumi torce suavemente o braço de seu portador, fazendo-o soltar um gemido sincero.
Pelo meio do dia, Hatsumi faz uma pausa para fazer seus tradicionais desenhos para alunos que ficam pedindo e enchendo seu saco, com uma folha de papel na mão . Então as coisas começam a ficar sérias novamente quanto começam a ser aplicados os testes de graduação.
Phil White, da Inglaterra, realizava seu teste para o 5° Dan. Em seiza e com os olhos fechados, aguardava o golpe de Hatsumi, que estava atrás dele, em pé, com a shinai em punhos, pronto para abrir a cabeça de seu discípulo. Se White – ainda de olhos ainda fechado – conseguisse evitar o golpe, ele se graduaria; caso contrário levaria para casa alguns machucados. A espada acerta a cabeça do inglês por duas vezes antes que ele consiga sair do caminho na terceira tentativa, o que é suficiente para agradar o mestre.
- Eu ainda estou tremendo - White disse depois, enquanto recebia cumprimentos e tapainhas nas costas de seus companheiros. - Eu não senti que eu estava me movendo. Era como se eu fosse soprado por um vento.
Hoje em dia centenas de escolas ninja, pela Europa, América do Norte e além, traça suas raízes até Hatsumi. Ele tem realizado seminários para o FBI, CIA, Mossad e para as polícias da Inglaterra, França e Alemanha. Também serviu como consultor de artes marciais em filmes como “Com 007 só se Vive Duas Vezes” e minisséries como “Shogun”. Hatsumi também deixou suas marcas em livros, autorizando muitos em inglês e japonês.
Ele diz que não está pronto para embainhar sua espada tão cedo, mas admite que a pergunta sobre quem o sucederá como líder do Ninjutsu mundial é tema constante nas fofocas de dojo. Cabe apenas à Hatsumi o direito de escolher o próximo Grão Mestre, e ele não nos dá nenhuma pista. Existe inclusive a possibilidade que o sucessor seja um não-japonês, ele diz.
- Os seres humanos sempre querem saber o que não podem. - ele diz – Mas você nunca pode predizer o futuro.

Tradução: Daniel Pires
Revisão: Gustavo Sícoli

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Um novo começo...

Olá!
Sou Daniel, aluno de Michael Simien e criei este blog para trazer para os companheiros da Bujinkan de língua portuguesa/brasileira um outro lugar com acesso à fotos, textos e vídeos. Tínhamos um outro endereço, que por problemas técnicos teve de ser abandonado, por isso irei prosseguir o trabalho aqui.

O título eu peguei emprestado do nosso Dojo, e foi dado à ele pelo Sensei Hatsumi, e Butoku significa "Virtude Marcial". Uma boa idéia para nós que estamos começando a trilhar o Budo.

Tentarei trazer aqui texto novos, com traduções minhas, o que por vezes será um problema, pois como não sou proficiente em japonês, todos os textos serão no mínimo de "segunda-geração", a tradução da tradução, e por isso peço desculpas.

Por ora é só!

Bufu Ikkan,
Daniel Pires