Site Oficial do Butoku Dojo Brasil

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Shuriken Jutsu

Este post não pretende ser um extenso tratado sobre shuriken, apenas apresentar estas armas e dar uma breve explicação do seu uso. Pretenciosamente acabar um pouco com a fantasia em torno das "estrelas ninja".

O que é um Shuriken?

São armas de arremesso divididas - grosso modo - em dois grupo: Semban Shuriken (ou Hira Shuriken) e Bo Shuriken.

No primeiro se enquadram as lâminas planas, ou achatadas, com três ou mais pontas, que variam de acordo com a escola (Ryu) ou mesmo idiossincrasia do artesão. Abaixo temos alguns exemplos:

(na imagem acima existem dois que não são Semban/Hira Shuriken, são as duas lâminas no canto inferior esquerdo)
Bo Shuriken, o segundo grupo, são armas de duas pontas, algumas em formato cilindrico (como pregos), quadrado ou ainda achatadas, como facas. Alguns exemplos:



Usos do Shuriken

Contrariando a senso comum, não acredito que esta seja uma arma sempre mortal, como geralmente é mostrada ou citadas. São armas versáteis, utilizadas para conseguir brechas para um ataque mais letal ou ainda a fuga. Armas para causar distrações.

Não atingem grandes profundidades, e exigem muito treino para se conseguir uma proficiência que lhe torne realmente perigoso com ela, capaz de atingir, por exemplo, uma artéria ou veia no pescoço combate real - onde tudo é mais difícil do que no Dojo.

Alguns dizem que elas eram mergulhadas em veneno, mas especialmente no caso das Semban Shuriken, o risco de se envenar com sua própria arma é muito grande, não só na hora de arremessar, mas também no transporte das mesmas, já que são feitas para serem carregadas ocultas, junto ao corpo. Acontecia do ninja em questão levar o veneno consigo num fracos e aplicálo na hora o arremesse, mas é uma situação específica e premeditada.

Uma forma interessante de lutar com Shuriken além de arremessá-las é usá-las ocultas na mão, para furar e cortar, num combate mais próximo. Pessoas de fora costumam nem perceber que você está com uma arma até que vejam sangue.

(Peças da coleção do Soke Masaaki Hatsumi)

Daniel Pires

Obs.: Não tenho Direito de Cópia (Copyrights) de nenhuma das imagens que utilizei aqui,
se elas são suas e você se sentiu ofendido não perca tempo me processando,
apenas peça que eu as retiro do Blog.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Butoku Dojo - Botafogo

Boas novas,

Temos no Brasil um novo Dojo: Butoku Dojo Botafogo. O endereço e os horários de aulas estão abaixo:



Academia Ari Fight
Av. Voluntários da Pátria, 274 - Bairro Botafogo
Em frente à Igreja São João Batista
Rio de Janeiro-RJ

Terças e Quintas-Feiras, das 8h às 10h
Segundas e Quartas-feiras, das 21h às 22h.
Sábados das 15h às 17h. (a partir de Junho/2010)


O espaço da academia.

Como tudo começou.

E como está ficando...

E vamos seguindo em frente, fazendo crescer o Budo Taijutsu no Brasil e formando bons praticantes.

Buffu Ikkan,
Daniel Pires

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Muguri no Shinken Gata




Shinken Gata, na nossa tradição guerreira, significa a espada com corte de fato, afiado, mas também pode se referia simplesmente ao combate real, também chamado de Jissen. Na nossa arte nem todos os praticantes se movimentam da mesma maneira, apesar de todos terem a mesma fonte - Hatsumi sensei. Nem todos têm o mesmo taijutsu, já que não é o praticante que se adapta a arte, mas sim a arte que se adapta ao praticante, fazendo com que haja uma liberdade de movimentos incrível e também que duas pessoas que, supostamente, possuem a mesma graduação tenham níveis de habilidades diferentes, dependendo da necessidade, treinamento, vontade de aprender e ego.

Quando penso em Shinkengata um dos nomes que vem a minha cabeça é o do Shihan Phil Legare, o qual desenvolveu com Hatsumi sensei o Shinken Taijutsu - baseado em Shinkengata tendo recebido Menkyo Kaiden direto de Hatsumi sensei.O outro nome é o do Shihan Michael Simien, Jugodan - Kugyo Happo Hikenjutsu Menkyo Kaiden, cujas habilidades em combates reais são surpreendente e me compeliu a escrever este artigo. Treino com ele há aproximadamente cinco anos e ainda me surpreendo em quase todas as aulas, consigo ver técnicas novas e com uma eficácia impressionante, fazendo com que movimentos supostamente simples se tornem extremamente mortais. Na noite de hoje (17/02/2010) no final do treino, fui chamado para ser uke pelo Michael, tendo que atacar com dois fudokens, e esperei que a resposta do Mike fosse ser apenas fazer uma técnica ou outra, só que para a minha surpresa ele usou técnicas de Moguri Gata, "mergulho", para contra-atacar todos os meus ataques e quando eu percebia, já estava recebendo diversos golpes dele, sendo que fui acertado até quando estava caindo, no ar. A diversidade de golpes foi tão intensa que era difícil até levantar para atacar de novo. Ao final do treino, sei que as pessoas que assistiram as técnicas estavam maravilhadas, mas apenas eu como uke pude perceber a real intensidade das técnicas. Fiquei pensando, até agora, como consegui ser golpeado tantas vezes, tão precisamente e em tão pouco tempo e acredito que além do conhecimento excepcional que o Michael tem sobre distância, angulo e timing, ele possui um ainda maior sobre kyushos e como golpeá-los, fazendo com que sua técnica tenha o máximo de dano possível. Esse é um outro nível no Budô, como o Shihan Arnaud Cousergue disse, os Shihans até o 14º dan são como estudantes de uma faculdade e os 15º dan são os formandos da mesma. Então, enquanto ainda estou no jardim de infância do Budo, compartilho a minha pouca experiência com vocês para dizer que o Budo realmente é um estudo para a vida toda, e nunca se chega a um fim, pois enquanto estivermos vivendo sempre temos algo a aprender, até que o nosso corpo se mova sem pensarmos, e alcançarmos o que Hatsumi sensei chama de "Olhos e Mentes do Divino".

Shidoshi-ho Américo Neto,
Sandan

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Reflexões pós Taikai 2009 – Shihans Arnaud Cousergue e Sven Bogaster


Depois de nove anos treinando no sistema Bujinkan Budo Taijutsu, acredito que meu treinamento tenha atingido um outro nível de percepção. Lembro-me de quando comecei a treinar no ano 2000 com o sensei Miguel Greg no Rio de Janeiro, por que desde pequeno sempre quis ser um “ninja”, na minha imaginação, e quando conheci do que se tratava o verdadeiro ninjutsu, fiquei maravilhado e percebi como era errada a minha idéia de “ninja”.Naquela época, víamos bastante kihon happo e diversas outras técnicas. Nunca vou esquecer da sensação de estar perdido no meio das técnicas, de estar muito duro e nada relaxado, e como depois de nove anos isso não mudou muito, apenas agora tenho uma idéia melhor de como movimentar e adptar meu corpo ao meu tamanho. No ano de 2004, conheci o Shihan Mike Simien, quando o mesmo dera uma aula no Rio de Janeiro, e nesse dia meu treinamento deu um outro salto, pois, foi a primeira vez que eu vi um Shihan se movimentando, e como foi bom assistir a isso, pois meus olhos estavam se abrindo ao verdadeiro caminho do Budô. Naquele dia, eu soube que queria treinar com o Shihan Mike e no ano seguinte me tornei seu aluno pessoal e também se formou uma amizade que tenho certeza será para a vida toda. Em janeiro de 2007, cheguei a graduação de Shodan, e pensei “nossa! acho que agora estou bom! ”, mas eu estava redondamente enganado. Demorou cerca de um ano para eu me acostumar com o fato de que era um faixa preta, e para dizer a verdade minha movimentação estava longe de ser considerada boa. Em 2 de maio de 2009 acredito que meu treinamento tenha dado um salto maior ainda, pois fui ao Taikai dos Shihans Arnaud Cousergue e Sven Eric Bogaster e olhando para eles, vejo o que é a verdadeira maestria. A noção que eles têm da manipulação do Kukan e como controlar um adversário é simplesmente fantástica, nunca vi nada igual na minha vida, principalmente por causa de Sven, que é um cara grande, meio gordinho, com seus 60 anos de idade e problemas nos seus dois joelhos e mesmo assim consegue se mover de uma forma que não da para acreditar, de tão flexível, fluído e habilidoso.


Acredito que fui abençoado nesse seminário, pois pude conversar bastante com Sven e principalmente com Arnaud, com quem tenho certeza que nasceu uma amizade verdadeira, já que , ao mesmo tempo em que ele ensinava, estava sempre brincando comigo, ou com meu filhinho de 8 meses, mostrando-me que quanto mais graduado é o budoka, mais humilde e simpático geralmente ele é. A movimentação do Arnaud não pode ser descrita em palavras, apenas estando perto e sentindo. Ele se move de uma maneira tão flexível, sem força, que te envolve todo e quando você percebe já caiu em três ou quatro técnicas dele. Seus golpes são tão fortes que quando você é atingido parece que vai morrer. Ele disse que o ninjutsu não é para fazer técnicas bonitas, mas sim para sobreviver. Lembro-me de que Sven nos disse para, quando estiver em uma luta, imaginar o seu adversário sangrando no chão todo destruído, e que em lutas reais e no treinamento o mais importante era ter a atitude correta, ou seja, a intenção. Se você consegue projetar a sua intenção, você corta a intenção do seu oponente, fazendo assim com que ele se perca, e acabe entregando a “vitória” a você. Arnaud explicou que a nossa arte, não é sobre ganhar, mas sim sobre não perder, isso significa que você deve sobreviver de todas as maneiras possíveis. A Bujinkan não é uma arte Omote, que se preocupa com o exterior, do tipo que faz reverências, com dojos bonitinhos e tradicionais, mas sim uma arte Ura, que valoriza o aspecto interior, ou seja o treinamento real voltado para a sobrevivência. Aprendi neste seminário, o quanto a minha jornada ainda é longa, o quanto tenho que estudar e treinar, para um dia poder ser considerado um verdadeiro budoka, pois estes Shihans estão perto do que a gente pode chamar de maestria, e como pude notar, isso não se consegue do dia para a noite, mas sim com uma vida inteira de treinamento, pois o Budô é um estudo sem fim. Lembro perfeitamente do Sven fazendo técnicas onde derrubava as pessoas sem tocá-las e eu lhe perguntei como ele conseguia fazer aquilo e ele me disse que: “Treinando! Apenas treine e um dia você vai ter confiança em suas habilidades e isso vai crescer naturalmente de você” .Arnaud no final da aula de instrutores, disse-nos que nos movíamos como uma bosta, e que havia um longo caminho ainda, mas para que continuássemos treinando , pois um dia estaríamos melhores. Ambos os Shihans enfatizaram que quando você estiver treinando, deve treinar com todo seu coração e sua dedicação, sendo que isto se chama “Kokoro no Shugyo” (Treinamento de Coração). Então no dia 2 de maio, foi um renascimento para mim e agradeço do fundo do coração a Arnaud, Sven e ao Mike por me mostrarem o verdadeiro caminho do Budô, que não é a força, mas sim a manipulação do espaço que vai te fazer um Budoka melhor, para não pensar em técnicas, como disse o Arnaud: “Movimente seu corpo e se o oponente reagir, faça uma técnica diferente, sempre adaptando, assim como em nossas vidas”.


por Américo Leite Neto

  

terça-feira, 28 de abril de 2009

Motivações, Desistências e Sinceridades

blog está há muito parado (tanto de escritores quanto de comentadores), e há não menos tempo eu me pergunto o por que, mas só agora que encontrei uma resposta para minha apatia resolvi levar a pergunta à vocês leitores.

Não, ninguém precisa se justificar – reabri este espaço para refletir, tanto eu quanto quem mais quiser, e vou tenta me ater aos treinos e ao Budo, falando um pouco de uma experiência recente.

Após 7 anos de treino já perdi a conta das vezes em que relaxei – faltei aulas, fui e não não me esforcei ou quando me esforcei era para justificar à minha consciência de noite, junto ao travesseiro. Da ultima vez meu mestre me chamou para conversar em particular e disse que se fosse para eu continuar a levar as coisas do jeito que estava levando eu podia ir embora. Foi duro ouvir isso, mas foi necessário. Novamente parei para medir as prioridades da minha vida, o que eu queria do treino, se valia a pena jogar fora todos estes anos de treino – se era certo abandonar o caminho agora que eu tinha conseguido encontrar a entrada. Para mim não valia, mas acredito que para alguns talvez valha.

Os caminhos na vida que valem a pena dificilmente são fáceis de seguir, e ficam ainda mais difíceis quando tem-se que dividir a mente com outras coisas como trabalho, escola, namorada(o)(ou esposa[o],) família etc. Não estou disposto a abrir mão dessas partes tão importantes da minha vida como no passado (e talvez hoje) alguns fizeram (ou façam), então tive que reorganizar minha vida, achar prioridades, abrir mão daquelas horas sem fazer nada (não todas), reduzir as saídas para as noitadas (tempo e dinheiro), mas essas eram as coisas mais fáceis de se fazer – o mais difícil se mostrou dentro da minha cabeça, encontrar a vontade para enfrentar horas apanhando e suando (não, nem sempre é divertido), para mover o traseiro ir até onde devia, sair do conforto de casa...

Estou num ritmo de crescimento bom novamente, consigo ver o que estou aprimorando quando treino, quando ando na rua, quando evito inconscientemente um problema, quando deveria ter tropeçado mas continuei andando... Sei que em breve terei algum desânimo - a experiência me mostrou que isso é cíclico: treinamos, nos empolgamos, aprendemos um monte de coisas, estagnamos, desanimamos e... E ou você toma uma atitude e volta para a parte inicial do processo ou para. A maioria para. Eu ainda não.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Convivendo com os mestres.

Por Davi Freitas

É certo e notório que ao longo de nossa caminhada como aprendizes, não é o professor que ensina, e sim nós alunos que aprendemos. Porém, é de suma importância termos um norteador, alguém que traga em sua bagagem a real experiência.
Encontrei grandes mestres no decorrer de minha trajetória, mas, não diferentes dos outros homens que permeiam este gigante mundo em que vivemos. Talvez, a maneira como aqueles lidavam com suas questões é que os faziam especiais. Um aluno me perguntou certa vez o que eu admirava mais em um homem. Respondi... [...]A maneira como se conduz sua sabedoria, continuei... Como disse-me um de meus mestres,[...] ser um guerreiro é fácil, difícil, é ser um bom ser humano.
Posso dizer também que encontrei muitos mestres que possuíam um caráter impulsivo, que viviam voltados apenas para o ego que os conduziam. Esses, pois são os falsos mestres... Aqueles que cultivam e se tornam escravos de suas próprias lendas.
É interessante analisarmos sob o aspecto da filosofia japonesa Zen, em que o verdadeiro mestre é aquele lhe provoca mortes, ou seja, mudanças.
Tenho um importante amigo que é mais do que um mestre. Ele me ensinou como dar os primeiros passos nesse incessante caminho do guerreiro. Ensinou-me, que vivemos em um mundo extremamente egoísta, e que estamos muito aquém de nossas capacidades.
Não devemos de maneira alguma nos entregar para qualquer sentimento que não seja o da vitória, mesmo que para isso nos importe algumas derrotas, dos confrontos internos... Pois dentro de nós habita sentimentos diversos, estes que poderão nos ascender, como poderão nos levar ao declínio. Não Como explicar esta ‘aparente’ contradição? Eu acredito que para vencer- mos, faz se necessário transcendermos as formas, ou tudo que se ponha como obstáculo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Mandinga

O que é mandinga? Neste trecho do documentário "Mandinga em Manhattan" alguns mestres dizem o que pensam a respeito.

Um arte que surgiu no Brasil e que, de certa forma, foi uma resposta à uma realidade social nossa. Este arte de guerra é subestimada por muitos (inclusive entre nós da Bujinkan), mas estes por vezes se esquecem que nenhuma arte marcial existe pura e simplesmente, é sempre fruto de necessidades históricas de um ou mais sujeitos, e que tomam forma segundo a realidade que estes vivem.

Voltando à mandinga, essas explicações me lembraram muito alguns ensinamentos/preceitos do Ninpo - "o conhecimento do invisível", "negaça", "mentira permanente", "intangibilidade". Pretendo me informar mais sobre o assunto e futuramente, quem sabe, escrever mais o assunto.

Bufu Ikkan,
Daniel Pires


http://www.youtube.com/watch?v=lXs_MKJAbu4